‘A guarda não pode ter ideologia’ – Política – CartaCapital
O secretário nacional de Segurança Pública, Mario Sarrubbo, defendeu que as guardas civis metropolitanas se aproximem do policiamento comunitário e não sirvam de plataforma política para prefeitos, momento em que criticou o prefeito de São Paulo Ricardo Nunes (MDB).
No mês passado, o prefeito foi filmado ao lado de GCMs, cantando uma música de exaltação à violência policial que continha o refrão: ‘Gás de pimenta na cara dos vagabundos‘.
“As guardas civis têm um papel no sistema de segurança pública. O sistema de segurança pública passa pelos trabalhos de Polícia Judiciária, Civil e Militar, que é a polícia ostensiva. Mas passa pelo trabalho da prefeitura com a iluminação das vias urbanas, pavimentação e limpeza. Nesse contexto, as guardas civis têm um papel fundamental porque estão com efetivo grande e são instrumentalizadas”, declarou, em entrevista ao UOL.
“O papel delas é de guarda patrimonial. Elas podem e devem fazer o papel de polícia comunitária, de aproximação com a população, de ficar próximas às escolas. É importante que estejam nas ruas e praças, olhando o patrimônio público. Elas têm que ser fortalecidas, mas sempre com um papel muito bem definido”, defendeu o secretário.
Sarrubbo ainda reiterou que a guarda civil, embora possa prender em flagrante, como determinou o Supremo Tribunal Federal, não tem que ficar fazendo operação de prisão.
“Aquele canto realmente se afasta desse conceito, assusta bastante. É inadequado. Vamos considerar que aquilo não se concretize no dia a dia, em ações. O importante é a ação e não aquilo que se canta. Um canto inadequado, diga-se, por uma força pública, tão importante, em uma cidade tão importante, absolutamente inadequado e fora de contexto”, criticou, em referência direta à ação de Ricardo Nunes junto a agentes da GCM.
O secretário reforçou também que a GCM não pode ter ideologia, e defendeu uma padronização dos procedimentos adotados pela guarda. Na quinta-feira 13, o Supremo Tribunal Federal deve retomar o julgamento de um recurso que discute a legalidade das normas criadas por São Paulo para definir as funções da GCM.
“Preocupa essa politização e preocupa que políticos utilizem as guardas como plataforma e, muitas vezes, até mesmo colocando a ideologia que seguem. Mas a guarda, a polícia, não pode ter ideologia. O Brasil é regido por uma Constituição, não dá para se imaginar que cada prefeito vá ter uma guarda atuando como entende”.
Fonte: www.cartacapital.com.br